quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Lupi nega acusações e diz que fica no cargo

Na FOLHA DE S.PAULO:

Em uma entrevista que se transformou em ato político, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) rebateu ontem as acusações de favorecimento do PDT em convênios realizados pelo Ministério do Trabalho. Lupi afirmou que continuará à frente da pasta e no comando do partido e recorrerá à Justiça nos casos em que sua "honra e dignidade" foram atingidas.
O ministro apresentou sua defesa a pedido do Palácio do Planalto. A entrevista aconteceu no auditório do Ministério do Trabalho e contou com a presença de vários funcionários do ministério e parlamentares, a maioria do PDT, que chegaram a aplaudir Lupi em algumas ocasiões. "Julgo ser vítima de uma campanha bem articulada para me difamar. Difamar a imagem pública construída ao longo de 30 anos."
Ele anunciou que foi criado um grupo de trabalho, formado por servidores de carreira do Trabalho, para fazer um pente-fino nos convênios e identificar eventuais irregularidades. Além disso, a partir da semana que vem, será lançado um portal na internet com a lista dos convênios, das prefeituras, dos Estados e das entidades beneficiadas, e os valores repassados.
Lançando mão de tabelas e números, o ministro relatou que os convênios do Ministério do Trabalho com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) somam R$ 430 milhões. Desse total, a maior parte dos recursos é repassada para prefeituras municipais e governos estaduais.
Lupi citou todos os partidos beneficiados com tais verbas e o valor dos convênios. O PSDB responde pelo maior volume: R$ 102 milhões. O PT aparece em segundo lugar, com R$ 96 milhões. O PDT foi contemplado com R$ 14 milhões. O DEM (R$ 54 milhões) e o PSB (R$ 52 milhões) surgem em seguida.
Além dos convênios realizados com prefeituras e governos, o Ministério do Trabalho assina convênios diretamente com instituições. São esses os casos citados pela imprensa nas últimas semanas sobre favorecimentos ao PDT. "Eu sei e vou chegar lá, mas é preciso mostrar o todo antes para não parecer que só existem esses [casos denunciados]", respondeu o ministro ao ser questionado sobre os casos noticiados.
Na explicação, Lupi mostrou que duas entidades citadas já tiveram seus convênios cancelados. Uma delas, a DataBrasil, pediu ao ministério o cancelamento para evitar constrangimentos à instituição e ao ministro. Já a Associação Assistencial São Vicente de Paula, segundo o ministro, teve os recursos bloqueados antes mesmo da publicação da reportagem no jornal "O Globo" e o convênio foi cancelado.
No caso de reportagem publicada pela Folha mostrando um convênio a ser realizado com sindicato ligado à Força Sindical, o ministro disse que a parceria ainda não foi fechada e tratava-se de uma proposta. "É a premonição da maldade. Estou sendo acusado de algo que ainda não fiz", atacou Lupi.
Ele ainda negou que a maior parte dos recursos de convênios assinados com entidades dentro do programa Consórcio da Juventude favorece o PDT. "Esse número não é real. Que tipo de vínculo existe entre as instituições e o partido? Não se pode manipular informação com desinformação", declarou, sem apresentar detalhes sobre esses casos.O ministro afirmou ainda que sua atuação vai contra setores do empresariado que querem ver sindicatos de trabalhadores fracos.

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