domingo, 20 de janeiro de 2008

O jeito Raimundo Ribeiro de ser

Depois de uma temporada em Caicó (RN), o presidente do Remo, Raimundo Ribeiro, voltou a Belém. Espera-se que tenha relaxado fisicamente e expiado suas próprias culpas, depois do rebaixamento do clube para a Terceira Divisão.
Mas se o presidente remista absolveu a si mesmo, poderia muito bem consultar a torcida – a torcida, e não seus companheiros de diretoria ou de Conselho Deliberativo – para saber o que ela acha, para procurar saber se a auto-absolvição com que se premiou ampara-se em juízos acertados, ponderados, sensatos sobre o que ele, o auto-absolvido, fez ou deixou de fazer na temporada que passou.
Ribeiro, para quem não sabe, é aquele dirigente que no ano passado, em entrevista ao programa "Bola na Área", na Liberal AM, disse mais ou menos isto, não exatamente com estas palavras, mas com este sentido: "Agora, ficam a cobrar dos dirigentes que devem fazer planejamento. Mas como planejar, se não há dinheiro?". O titular do programa, que grava tudo, deve ter isso guardadinho em seus arquivos de áudio.
Basta isso para que os leitores do blog, sobretudo aqueles que não são muito chegados a futebol, conheçam o presidente do Remo, que tem um estilo muito pessoal, muito peculiar de administrar.
Para JK, governar era construir estradas. Para RR (Raimundo Ribeiro), administrar é estar sempre com as burras cheias de dinheiro, com os cofres abarrotados, com as contas sempre no azul. É justo presumir que RR ache que Eva Byte, aquela mulher virtual - e chata - do “Fantástico”, poderia muito bem administrar o Remo, por delegação dele, é claro, e desde que o Remo estivesse com os cofres cheios. Como Eva Byte é um autômato, bastaria programá-la para pagar as contas e deixar todos os comandos no ponto. Nas datas agendadas, ela se mexeria, abriria os cofres abarrotados de dinheiro e administraria o Remo. Pronto.
Talvez não tenham dito a RR que o bom administrador é justamente aquele que planeja. E aquele que planeja deve planejar sempre mais, mais e mais exatamente em períodos de vacas magras, de burras vaziaas, em períodos de pouco dinheiro. Ou quando não há um tostão em caixa, como é o caso de Remo e Paysandu.
Mas Ribeiro não segue apenas princípios peculiares, pessoais de administrar. Não. Ele tem critérios bem definidos para valorar a ajuda de quem se mostra disposto a ajudar o Remo.
O clube não tem dinheiro, seu presidente não planeja porque o Remo não tem dinheiro, mas triunfalmente o presidente do Clube do Remo, filho da glória e do triunfo, dá-se o direito de escolher quem se dispõe a ajudar o clube.
Dá-se o direito, não. Melhor seria dava-se o direito. Sim, porque Raimundo Ribeiro, que vivia a enjeitar e exprimir manifestações de nojo e repulsa à Associação dos Torcedores e Amigos do Remo (Atar), acusando-a de exercer um poder paralelo ao dele e de não contribuir para tirar a agremaição do estado de pré-falência financeira em que já muito se encontra, agora submete-se, rende-se, capitula perante a entidade [presidente, o poster é remista desde criancinha, literalmente, mas não é sócio da Atar, anote aí].
Carlos Ferreira, um dos mais jornalistas esportivos e maior credibilidade do Pará, registrou na coluna diária que escreve em O LIBERAL um fato que demonstra claramente o jeito Raimundo Ribeiro de ser. O presidente remista assinou – isto mesmo, assinou, escreveu seu nome, apôs num papel a própria firma, com todos os erres – um documento pedindo o apoio da Atar na execução de obras no Baenão. “É o clube juntando os cacos, depois de todos os estragos feitos em 2007 pela guerra de Ribeiro com a associação”, resume Ferreira na nota que publicou.
Tão ou mais deplorável, ou por outra, mais esquisito do que essa visão peculiar, pessoal do presidente Raimundo Ribeiro, é a postura de alguns coleguinhas da crônica esportiva de Belém.
São poucos os que, diante de jeitos de ser como o do presidente Raimundo Ribeiro, dizem claramente que esses jeitos de ser estão acabando com o Remo, estão acabando com o futebol do Pará.
Diante de tudo isso, o poster sonha e já sonhou, várias vezes, que o presidente Raimundo Ribeiro se encontra com um torcedor do Remo – desses que vão para estádio, pegam chuva, sangram as unhas, se esgoelam e padecem com a situação em que o clube se encontra:
No sonho, diz o torcedor para RR:
- Presidente, o senhor não acha que deveria ficar mais um pouco lá por Caicó, ficar mais um ano por lá, dar uma esticada de vez em quando a Natal, tomar aquele ar, aquela brisa fresca soprada do Atlântico, revigorar-se e só depois voltar a Belém para administrar o Remo?
- Mas se eu ficasse um ano por lá, quando eu voltasse já teria terminado o meu mandato no Remo – ponderaria o presidente remista.
E o torcedor, mau que nem pica-pau:
- Mas não teria problema, presidente. Era isso mesmo que a gente queria.

2 comentários:

  1. Correto e pertinente sua apreciação.
    O Levy entregou um buracão e o RR tratou de alargá-lo.
    E tudo sob o olhar complacente do tal senadinho azulino, que não ajuda e só fica vendo a banda (ou o enterro) passar.
    Rezemos.
    Saudações Azulinas.

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  2. Do "senadinho" e do Conselho Deliberativo, que tanto no Remo como no Paysandu só servem para comandar confraternizações internas. E às vezes, nem isto.
    Abs.

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