domingo, 2 de dezembro de 2007

Ainda a - pretendida - cobertura do canal da Doca

Na última sexta-feira, 30 de novembro, postei um comentário dizendo que este projeto da Prefeitura de Belém de reurbanização da Doca, que inclui a cobertura do canal que corta a avenida, ainda vai dar o que falar (veja aqui).

Citei divergências técnicas entre o ex-secretário de Saneamento, Luiz Otávio da Motta Pereira e o engenheiro Nagib Charone.

Pois em sua coluna deste domingo, no DIÁRIO DO PARÁ, o jornalista, ex-governador e ex-prefeito Hélio Gueiros entra na polêmica. Veja abaixo:

Se canal da 14 for coberto, torres da Basílica virão abaixo

Durante a semana, abalizado engenheiro sugeriu que a prefeitura mandasse cobrir toda a extensão do canal da Doca afirmando que não há nenhum risco para a estabilidade dos prédios erguidos e dos que venham a ser construídos.
Todos estarão firmes como o Pão de Açúcar do Rio e as edificações resistirão até a esses abalinhos sísmicos acontecidos há 3 ou 4 dias no Pará e no Amazonas. Pode-se tapar o canal de cabo a rabo porque não vai acontecer nada.
Belenense de muitos cabelos brancos, numa roda na Assembléia Paraense, o clube, falou para o grupo de atentos ouvintes: – Não quero, meus amigos, de maneira alguma, contestar o veredicto do douto opinante sobre a invejável qualidade dos terrenos ao longo da Doca de Souza Franco. Apenas quero lembrar que depois de aterrada pela administração do prefeito Nélio Lobato, mas antes de ser drenada e pavimentada pela administração Hélio Gueiros, a Doca foi palco de uma tragédia inesquecida. Um prédio em construção, já com os seus oito ou nove andares levantados, ruiu espetacularmente transformando tudo em escombros e matando centenas de operários que trabalhavam na obra.Sentindo-se bem ouvido na sua recordação, o veterano belenense invocou outra situação do passado: – Outra coisa, meus amigos, ao tempo de Hélio Gueiros na prefeitura, ele anunciou que iria cobrir todo o canal da 14 de Março tornando a rua muito mais ampla, sem a divisão pelo leito do igarapé ou rio. Foi então que um professor da Universidade escreveu artigo no jornal anunciando que, se o canal fosse coberto pela pavimentação, a compressão provocaria uma explosão de gases que abalaria e derrubaria as duas torres da Basílica de Nazaré. A cobertura do canal seria na 14 de Março, mas os seus efeitos físicos iriam acontecer no Largo de Nazaré.
– E aí, que fez o então prefeito? Foi em frente? – indagou um ouvinte mais jovem.
– Não, não foi em frente, – continuou o expositor. – Mandou que os seus técnicos opinassem sobre a perspectiva da catástrofe e, como sentiu que a sua equipe ficou indecisa, cancelou o projeto de cobrir com asfalto o canal da 14.
E concluiu: – Não sei nada de fenômenos da ciência, mas conheço um pouco da história de Belém. E isso ajuda. Temo que um risco permanente deixará intranqüila a população das vizinhanças. E a Holanda, meus amigos, cortada e recortada por canais em toda parte? Ninguém fala que eles devam ser cobertos! Aqui no Pará quer se fazer o que o resto do mundo não faz!
– Falou e disse, – foi a reação do assessor da página especializado em riscos de calamidade pública.

A tragédia a que se refere o jornalista é a do Edifício Raimundo Farias. Faz 20 anos que o prédio, ainda em obras, desabou em Belém. Morreram 39 operários.

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