sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Depois de Benazir, o caos

Em O ESTADO DE S.PAULO:

Ataque mata ex-premiê do Paquistão
Suicida disparou contra o pescoço e o peito de Benazir Bhutto e detonou uma bomba, matando outras 20 pessoas


A ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto foi assassinada ontem em um atentado suicida quando deixava um parque em Rawalpindi, perto de Islamabad, após um comício de seu Partido Popular do Paquistão (PPP). A morte da carismática líder opositora provocou uma onda de protestos em todo o Paquistão e aprofundou a crise política no país, iniciada com a decretação do estado de emergência pelo presidente Pervez Musharraf, em 3 de novembro. A medida foi suspensa no último dia 15, mas a morte de Benazir pôs em dúvida a realização das eleições parlamentares do dia 8.
Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado, que também deixou outros 20 mortos e 56 feridos. A suspeita, porém, recaiu sobre os militantes islâmicos. Musharraf condenou duramente o atentado e pediu a união da população.
“Essa crueldade é um trabalho daqueles terroristas contra os quais estamos lutando”, disse Musharraf em breve discurso na TV. “Busco unidade e o apoio da nação”, acrescentou o presidente, que declarou três dias de luto e convocou uma reunião de gabinete de emergência, onde, segundo ministros, deve decidir se adiará as eleições. Também se especulou que ele poderia declarar novamente estado de emergência.
As forças de segurança foram postas em “alerta vermelho” e soldados extras foram enviados para conter os violentos protestos em várias cidades pela morte da líder política (ler na pág. 8).
Benazir, que tinha 54 anos, era a figura política mais conhecida do país. Ela foi a primeira mulher a ser eleita premiê no mundo islâmico, em 1988. Foi deposta em 1990 e reeleita em 1993 para ser novamente deposta em 1996 sob acusação de corrupção. Ela era respeitada no Ocidente por sua política liberal e determinação em combater o extremismo islâmico. O presidente americano, George W. Bush, buscava reconciliar a popular Benazir e Musharraf e obter a estabilidade no Paquistão, um aliado-chave em sua luta contra o terrorismo.
O ataque ocorreu minutos após Benazir discursar . “Ela estava dentro de um automóvel, quando alguns jovens começaram a gritar slogans em seu favor”, disse Qamar Hayyat, do partido da ex-premiê. “Sorridente, Benazir saiu pelo teto solar do veículo. Então, vi um homem jovem e magro disparando contra seu carro, depois ouvi uma forte explosão.”Benazir, atingida no pescoço e no peito pelos disparos, foi levada a um hospital, mas morreu na mesa de cirurgia. Os médicos não disseram se sua morte foi causada pelos tiros ou pelos ferimentos provocados pela explosão. Ela deve ser enterrada hoje em sua cidade natal de Larkana.


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