quinta-feira, 16 de março de 2023

Eu vou ao Super Baratão. Michelle vai à Prada, onde tudo é caro pra cachorro

A mentira de um bolsonarista, ou de um Bolsonaro, não tem preço.

Ou tem.

Se tiver, o preço deve ser o mesmo de uma joia Chopard ou de um produto Prada.

Michelle Bolsonaro, nossa estimada, casta, humilde, despossuída, caridosa e patriota ex-primeira-dama, foi destinatária de um estojo de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões e apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021.

As joias, presentes do governo sanguinário da Arábia Saudita, têm a grife suíça Chopard, fundada em 1860 e tida como uma das principais marcas de luxo do planeta.

Até hoje, os mimos estão retidos porque os fiscais da Alfândega de Guarulhos, no estrito e irrestrito cumprimento de seus deveres legais como servidores públicos, resistiram a 16,5 milhões investidas do governo do marido de Michelle, o igualmente casto, patriota, puro e incorruptível Jair Bolsonaro, que pretendia botar a mão no estojo de joias de forma, digamos assim, sorrateira. Não conseguindo, apropriou-se de outro pacote de joias e o incorporou ao seu patrimônio pessoal. Por isso, o TCU já o obrigou a devolvê-lo à Presidência da República.

Despida dos poderes de primeira-dama, Michelle foi à luta para encontrar uma tapera pra morar. Encontrou-a, segundo reportagem de Veja, no Condomínio Solar de Brasília.


A casa (veja ao lado, na foto de Hugo Marques/Veja), é mesmo uma tapera. Tem dois andares, piscina e 400 metros quadrados de área construída. A área verde agrega mais 795 metros quadrados ao imóvel. O valor mensal do aluguel é de 12.000 reais. O contrato, diz a revisgta, vai vigorar por 30 meses.

O condomínio escolhido pelos Bolsonaro tem 1.220 casas, 4.000 moradores e 80 funcionários, entre seguranças e porteiros. A vigilância é feita por 140 câmeras. A segurança será reforçada por homens do Exército e da Aeronáutica, acrescenta a reportagem.

Mas há poucos dias, numa rede social, dona Michelle choramingou. Disse que cria seis animais de estimação e que, como está morando em imóvel alugado, não tem condições de ficar com outras duas cadelas.

Comoção geral. No País inteiro, corações se condoeram e se derreteram em lágrimas, diante do estado de quase inanição financeira em que se encontra a ex-primeira-dama, ao ponto de não poder mais arcar com as despesas de mais duas cadelinhas, atitude que não condiz - muito pelo contrário - com quem cultiva os valores da generosidade, do desprendimento, do amor, da ternura e da humildade.

Mais eis que, há pouco, boiou aí nas redes sociais o vídeo lá de cima, que está viralizando nas mesmas dimensões com que viralizam fake news de mentirosos bolsonaristas, entre eles os Bolsonaro - todos, sem exceção.

O vídeo mostra nossa ex-primeira-dama indo as compras, nos Estados Unidos, para onde viajou ontem, ao encontro do marido desterrado, que se encontra numa seca daquelas, mas que não supera a covardia e vai adiando indefinidamente a volta ao Brasil, onde poderá ser preso pelos crimes descritos nos mais de 17 processos a que responde, vários dos quais já desceram para a primeira instância do Judiciário.

Nada demais Michelle ir às compras.

Eu também vou - normalmente, às Americanas, ao Super Baratão (lá no Centro decadente e abandonado de Belém) e às Lojas do Leão, comprar ingressos para os jogos do meu time (isso quando não encontro a gratuidade que a lei garante aos velhos acima de 150 anos, como eu).

A questão é que a loja onde Michelle aparece é da Prada, uma das marcas mais famosas, mais caras, mais luxuosas do mundo.

Sim, Michelle, a casta, a despossuída, a humildee, a terna, aquela que reza quando dança e dança quando reza, não tem condições de arcar com os gastos que decorreriam da criação de mais dois pets.

É assim.

A mentira de um bolsonarista, ou de um Bolsonaro, não tem preço.

Se tiver, o preço deve ser o mesmo de uma joia Chopard ou de um produto Prada.

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