quinta-feira, 7 de junho de 2018

Viva Gaby Amarantos! Porque alguém deveria dizer a Silvio Santos o que ela disse.


Viva Gaby Amarantos!
A cantora paraense acaba de incluir-se entre as vozes isoladas que discordam frontalmente da ideia – errônea, equivocada, ilógica e irracional – de que os idosos podem dizer e fazer qualquer coisa que serão perdoados e inocentados.
Apenas e tão somente porque são idosos.
Sílvio Santos, por exemplo.
Há tempos que ele vem se excedendo, deploravelmente, em declarações malucas, preconceituosas, grosseiras, vergonhosas e desavergonhadas.
Mesmo assim, invariavelmente, todos rimos, batemos palminhas e fazemos muxoxos, tipo: “Ah, deixa pra lá. Ele já está velho mesmo. Kkkkkkkkkkkkkkkkk”.
Kkkkkkkkkkkkkkkkk uma ova!
Devagar com os limites de nossas reverências a idosos como Silvio Santos, que inegavelmente é um emblema da história da televisão no Brasil.
Devagar com os limites de nossas reverências a idosos quaisquer, inclusive os anônimos.
Gaby escreveu em seu perfil no Twitter uma crítica elogiavelmente direta, ácida e racional a Sílvio, após mais uma de suas grosserias dirigidas a artistas.
"Sério que vcs acham Silvio Santos ídolo? O cara fez a gente crescer vendo-o ridicularizar negros/mulheres/gays/plus e ganhar mídia com isso. Cês tão mal de ícone viu, ñ dá mais pra normalizar isso!”, criticou a cantora.
Ponto pra Gaby Amarantos.
Porque, ao contrário da noção corrente que está se formando, idosos que se encontrem no pleno domínio de suas faculdades mentais não estão imunes a contestações sobre suas condutas. Muito pelo contrário.
Vejam essa historinha.
Na última quarta-feira, eu trafegava pela Alameda Mac Dowell, aquela que liga a Braz de Aguiar à Gentil, por volta das 12h30. A via, para quem não sabe, é estreitíssima. E fica ainda mais estreita porque numa das margens é permitido estacionar. Sobra, portanto, uma nesga para o tráfego de veículos.
Na minha frente, parou um táxi.
Do táxi, saiu uma senhorinha bem idosa. Com absoluta certeza, mais de 70 anos.
Enquanto ela saltava, esperei pacientemente, compreendendo inclusive a vagareza com que saía do carro, por imposição das condições físicas inerentes à sua idade avançadíssima.
Enquanto ela entrava no portão de sua casa, o próprio motorista saiu do táxi e abriu o bagageiro.
Tomei um susto: no bagageiro, estavam de 10 a 15 sacos com as compras do supermercado que a senhora havia feito.
Era inacreditável: teríamos – eu e outros motoristas que eventualmente estivessem atrás de mim – que esperar o taxista, coitado, tirar sozinho todos os sacos, porque a própria senhorinha não poderia fazer isso. E eram uns 15, como já dito.
Ponderei com o motorista se ele não poderia subir na calçada por 15 segundos, para que passássemos. Depois, ele continuaria a descarregar as compras.
O motorista disse que não podia, porque estava sob a orientação da idosa.
De dentro da sua casa, falando alto, ela foi incisiva e terminante:
- Não. Ele [o taxista] vai ficar com o carro aí. Não há lugar na calçada.
- Mas é um absurdo a senhora fazer isso. Porque está obstruído a passagem. E há lugar na calçada – eu respondi.
- Mas eu moro aqui há 50 anos e sempre fiz assim.
Hehe.
E tivemos que esperar todo o descarregamento, diante do constrangimento do próprio taxista e de uma secretária da casa, que também saiu para ajudá-lo a tirar os sacos do táxi.
Essa senhora está imune, intocável em relação ao que diz e ao que faz porque tem 70, 80 ou 250 anos?
É claro que não.
Pode determinar a um taxista que feche uma via pública para que sejam descarregadas as compras do supermercado?
Não pode?
Pode comprar dez toneladas de gêneros para a sua despensa e não se mostrar nem um pouco preocupada com a demora em descarregá-los porque, sendo idosa, teria supostas imunidades em decorrência de seus atos?
Vocês estão de brinca se acham que sim.
A senhora demonstrava toda a aparência de estar no domínio pleno de suas faculdades mentais.
Se assim é, alguém tinha de lhe dizer, clara e enfaticamente, que ela estava errada – porque estava – e cometia uma absurdez – porque, de fato, cometia.
Se Sílvio Santos segue com suas grosserias, era preciso que alguém dissesse isso.
Gaby Amarantos disse.
Viva ela!
Porque idosos – de 70, 80 ou 300 – merecem o nosso carinho, o nosso afeto, o nosso cuidado, o nosso respeito e as nossas reverências.
Mas, estando plenamente sãos mentalmente, devem saber que estão errados quando estiverem errados.
Simples assim.
Ou não deve ser assim?

3 comentários:

  1. Faustão vive fazendo comentários do mesmo modo e nunca vi a artista se manifestar. Indignação seletiva? Mas cada um fala o que quer, Gaby conseguiu aparecer um pouquinho.

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  2. Essa Gaby é simplesmente uma ridícula...

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  3. Ela quer aparecer

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