quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O rolezinho, o politicamente correto e a imbecilidade

Rolezinho em shopping de Guarulhos (SP): tudo na boa, você sabe. Tudo diboa. Tudo sem preconceitos.
Como tudo na vida, o politicamente correto, quando ministrado ou destilado em doses cavalares, acabando virando um mal.
Quando isso acontece no âmbito social, torna-se um caso de puliça, mas também, em regra, se transforma em objeto de especulações sociológicas - ou seja lá o que for - das mais interessantes, curiosas, instigantes.
Agora, temos por aí essa birutagem de rolezinho.
Por que se diz que é birutagem?
Porque rolezinho é uma coisa. Outra coisa é cair na baderna, em ambientes onde a quase unanimidade dos frequentadores não está a fim, não está disposta a fazer badernas e nem suportá-las.
Porque rolezinho é uma coisa. Outra coisa é sair por aí, gritando, espantando, entoando batidas de rimos quaisquer que sejam, com o propósito único de, digamos assim, criar um fato, de chamar atenção, de atrair os olhares para uma forma alternativa de lazer - ou coisa parecida.
Porque rolezinho – um rolezinho bem maneiro – é uma coisa. Outra coisa é buscar notoriedade por meios dos mais discutíveis. E às vezes reprimíveis.
Em shoppings de São Paulo, rolezinhos – inocentes, inofensivos, ingênuos, maneiríssimos – têm criado pânico. Muito pânico. O mesmo, muito provavelmente, acontecerá por aqui.
Mulheres grávidas, crianças, idosos, lojistas já ficaram em pânico quando viram, em dado momento, aquelas hordas – hordas mesmo – de jovens correndo em grupos, berrando coisas ininteligíveis, com toda a aparência de que vão partir pra cima do primeiro que aparecer pela frente e trucidá-los.
Esse é o tal rolezinho.
Aí, a polícia reprime essa turma divertida.
Aí, os shoppings ingressam com medidas judiciais para evitar novas performances das hordas que protagonizam maneiros, inocentes e inofensivos rolezinhos.
E aí?
Aí, entra em campo o politicamente correto, que inspira tortuosas especulações expostas com bases em teses e teorias com agudos vieses sociais, tendentes a mostrar o seguinte: que a repressão aos rolezinhos - inocentes, inofensivos, ingênuos, maneiríssimos – não passa de discriminação, de preconceito, de prevenções abusivas contra gente da periferia, contra jovens que, coitados, não tendo um posto de gasolina às proximidades para fazer um rolezinho, escolheram os shoppings. E como os shoppings são lugar onde circularia, prevalentemente, gente bacana, de classe média, limpa, cheirosa e asséptica, então é por isso que os rolezeiros do rolezinho estariam sendo reprimidos de forma cruel, preconceituosa, autoritária - essas coisas.
Hehehe.
Mas que imbecilidade.
Mas que hipocrisia.
Quanta demagogia.

Vamos encarar um rolezinho?
Olhem, pra começar, o Espaço Aberto gostaria muito, mas muito mesmo, de convidar os teóricos da hipocrisia e do politicamente correto a se fazerem acompanhar de seus familiares – de preferência idosos e crianças – para comparecer a um shopping bem na hora de rolezinhos como os que estão sendo convocados pelas redes sociais.
Seria uma boa oportunidade para que os nossos teóricos –politicamente corretos, mas hipócritas e equivocados – testassem deixar seus familiares no meio dos corredores do shopping, para serem atropelados pelos rolezinhos maneiros, protagonizadas por inocentes, ingênuos rolezeiros que passam correndo, gritando e levando tudo pela frente. Tudo isso, vocês entendem, naboa, diboa, apenas para relaxar.
Olhem, meus caros: quem entra num shopping gritando, berrando, correndo desastradamente, em grupos de centenas – centenas mesmo – de pessoas, derrubando tudo e criando pânico entre as demais frequentadores do lugar, não está querendo se divertir, não está querendo lazer. Sinceramente, não está. Condutas assim pretendem, isso sim, chocar, espantar, criar um fato. No mínimo, pretendem oferecer elementos para os politicamente corretos de plantão formularem suas hipóteses, que não resistem, certamente, ao teste da realidade.
Você aí, que lê esta postagem, imagine-se acompanhado de sua família, em qualquer ambiente num shopping. De repente, surgem à sua frente centenas de pessoas, em desabalada carreira, gritando coisas incompreensíveis e entoando ritmos que você também não consegue distinguir.
Fale sério: você continuaria a tranquilo? Se divertiria com aquilo e até empurraria sua criança e sua avó de 80 anos para também acompanharem aquele rolezinho?
Fale sério: você adotaria uma postura de olímpica naturalidade, tranquilidade e bonomia diante de uma eventual situação como a descrita?
Vejam, meus caros.

E se o rolezinho for de ricaços, você vai ficar parado?
Se vocês, andando tranquila e despreocupadamente num shopping, se veem diante de uma horda correndo em sua direção, vocês primeiro fazem, digamos assim, uma avaliação ou uma especulação socioeconômica sobre a situação dos desordeiros para só depois decidirem se entram em pânico ou se, naboa ou diboa, entram na onda do rolezinho?
Ou vocês ficam de imediato apavorados, independentemente do fato de terem os desordeiros a aparência de ricos ou pobres?
Ou vocês ficam em pânico, independentemente se os rolezeiros estiverem bem ou mal vestidos, se forem pretos, brancos, amarelos ou pardos, se torcerem por Remo, Paysandu ou Íbis?
Como é que é?
Como é que você reage numa situação dessas?
Então, se os rolezeiros são da Zona Leste de São Paulo – um das regiões mais pobres da cidade – ou dos Jardins – uma das mais ricas -, não importa.
Se os rolezeiros residem em conjuntos populares ou em condomínios superluxuosos da Vila Nova Conceição – onde está o metro quadrado mais caro de São Paulo -, não importa.
Se os rolezeiros são jovens da periferia ou são ricaços – playboyzinhos, filhinhos e filhinhas de papai, como se diz -, não importa.
O que importa é a natureza, a forma, o modo como esses grupos – que não são pequenos, repita-se, mas enormes – ingressam nesses shoppings.
O que importa é se querem arrupiar, tumultuar, fazer arruaças ou não.
Isso é o que verdadeiramente importa.
No mais, é o rolezinho.
É o politicamente corrento.
É a hipocrisia.
É a imbecilidade.

3 comentários:

  1. Muito bem exposto.

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  2. Anônimo4/6/14 02:26

    tu critica o PC, mas não deixa tu mesmo de ser um PC.

    1_se refere a jovens de classe média(que são,em sua maioria,ordeiros e honestos) como playboys ,ao mesmo tempo em que chama "jovens da periferia"(que são em sua maioria desocupados em busca de confusão) aos favelados!

    2_sugere hipoteses , da qual usa para fazer comparações entre classes e raças , que não existem e nunca existiram apenas para não ser visto como pré-conceituoso

    3_compra a desculpa da midia ao chamar arrastões e vandalismos de rolezinho!

    Por ultimo, digo eu,que este tipo de coisa não é novidade .já existe e a muito tempo nos shoppings americanos onde bandos de negros invadem centros comerciais ou pequenos comercios e fazem a limpa em tudo oque veem pela frente ,e de quebra agridem BRANCOS que veem pela frente.
    http://www.youtube.com/watch?v=4cJ0vBGYgos

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