Marina Dutra
Do Contas Abertas
Do Contas Abertas
As despesas com o cartão de pagamentos do governo federal, também conhecido como cartão corporativo, atingiram R$ 59,6 milhões no ano passado. O valor foi semelhante aos pagamentos efetuados em 2011, quando R$ 58,7 milhões foram desembolsados. Em dez anos, o governo federal destinou R$ 476 milhões para pagamentos efetuados com os cartões que, em regra, só deveriam ser usados em despesas excepcionais ou de pequeno vulto. O maior gasto ocorreu no último ano do governo Lula, em 2010, quando R$ 80 milhões foram desembolsados com os cartões.
A Presidência da República foi o órgão que mais utilizou os cartões corporativos em 2012. Ao todo foram gastos R$ 17,7 milhões, dos quais R$ 17,1 milhões destinados a gastos secretos. A grande responsável pelos dispêndios sigilosos da Pasta é a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ao todo utilizou R$ 11,8 milhões com esse tipo de despesa. O valor, que representa 20% de toda a verba utilizada através dos cartões, foi desembolsado de forma sigilosa para, segundo a Controladoria Geral da União (CGU), garantir a segurança da sociedade e do Estado. No ano passado, R$ 11,3 milhões foram gastos de maneira secreta pela Abin.
A prática de não discriminar os gastos é comum. Dos R$ 59,6 milhões gastos em 2012, cerca de R$ 28 milhões foram desembolsados de forma secreta. O total representa 47% dos pagamentos realizados por meio dos cartões de pagamento e é menor do que os R$ 29,9 milhões de 2011.
Logo atrás da Presidência, o Ministério da Justiça foi o segundo órgão que mais fez uso dos cartões corporativos. Ao todo, cerca de R$ 11 milhões foram gastos pela Pasta, 96,4% (R$ 10,6 milhões) em gastos sigilosos. Completam o ranking geral, o Ministério da Educação - com R$ 5,9 milhões pagos com cartões de pagamento e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - que gastou R$ 5,1 milhões em 2012.
Tendo como base os gastos por portador, o servidor que ocupa a primeira posição é Samuel Lobo Maia que pagou R$ 104 mil em serviços com o cartão corporativo. O funcionário trabalha na unidade gestora do Distrito Sanitespindigena, em Pernambuco, vinculado ao Ministério da Saúde. Os recursos são do Fundo Nacional de Saúde.
Em segundo lugar está Antonio Bernardino Braga, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, vinculada ao Ministério das Cidades. Ele fez uso de R$ 71,3 mil para despesas variadas de materiais de construção e elétricos, como também materias de escritório. As compras mais altas realizadas foram de R$ 680 na Port Papelaria Escritório e Informática e de R$ 605 na Eletrônica Santa Efigênia.
Seguidamente, o servidor Ivan da Silva Maia da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vinculado ao Ministério de Planejamento e Gestão fez uso de R$ 70,6 mil da verba pública pelo cartão corporativo. Suas despesas estão majoritariamente concentradas em postos de combustível, hotéis e saques. Sendo que quando saques são realizados, não é disponibilizado no sistema a razão social do gasto, então não é possível saber em que o dinheiro foi aplicado.
Veja os gastos aqui: www.portaldatransparencia.gov.br
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