segunda-feira, 18 de junho de 2012

Depredação teve "fundo espiritual e pedagógico"

O Movimento Xingu Vivo para Sempre negou, em toda divulgada ontem, que tenha incentivado índios a depredaram as instalações de escritório do Consórcio Construtor de Belo Monte, no último sábado. Durante os protestos, foram queimados documentos e danificados computadores, mesas e cadeiras. O ato, segundo o Movimento, "teve um fundo espiritual e pedagógico".
A entidade, muito embora se isente de qualquer responsabilidade pela quebra-quebra, justifica a conduta dos índios como a expressão de revolta contra as "violações de direitos humanos, o desrespeito com os atingidos da vila de Santo Antonio e outras comunidades e os danos ambientais da obra [hidrelétrica]".
A seguir, a íntegra da nota.

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No sábado, 16, os participantes do evento Xingu +23 foram ao canteiro de obras de Belo Monte para denunciar as violações ambientais e sociais da usina. Liderada pelos indígenas, a manifestação incluiu uma pajelança no canteiro, um pronunciamento do padre da paróquia da comunidade Assurini e declarações de protesto e repúdio a Belo Monte. Os funcionários presentes não interagiram com os manifestantes, apenas filmaram e fotografaram o ato, totalmente pacífico, mas o uso registro de imagens pelos trabalhadores da usina incomodou os indígenas.
Posteriormente, indignados com as violações de direitos humanos, o desrespeito com os atingidos da vila de Santo Antonio e outras comunidades, e os danos ambientais da obra, observados por eles durante as atividades do encontro, e principalmente com a ausência de consulta às populações tradicionais e indígenas e o silêncio dos empreendedores, parte dos indígenas decidiu se manifestar nas dependências administrativas da empresa.
Sobre os danos causados durante a ação, os indígenas afirmam que a mesma foi uma reação de revolta contra a violação de seus direitos constitucionais e contra a destruição de moradias, do meio ambiente e do rio, e afirmaram que o ato teve um fundo espiritual e pedagógico. Segundo eles, através da ação buscaram possibilitar à Norte Energia e ao Governo Federal o entendimento do significado das perdas que tem impostas aos atingidos por Belo Monte, uma vez que têm se mostrado indiferentes ao sofrimento causado aos mesmos.
O Movimento Xingu Vivo para Sempre, organizador e coordenador do encontro Xingu +23, declara que a ação dos indígenas foi realizada de forma independente. Alguns participantes do evento decidiram, por conta própria, apoiar o ato dos indígenas. Em nenhum momento, a ação foi incentivada pela coordenação do evento. No entanto, a coordenação entende que a espiritualidade e indignação indígena tem uma lógica própria, na qual não cabe a interferência de outros povos. Também insta a Justiça a fazer cumprir os preceitos legais acerca do direito à consulta prévia, livre e informada e os compromissos previstos nas condicionantes, e que examine as irregularidades dos processos de desapropriação na comunidade de Santo Antônio e demais localidades pelo Consórcio Norte Energia.

Movimento Xingu Vivo para Sempre

3 comentários:

  1. Tem que cobrar o prejuízo desse pessoal.

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  2. Os autores da nota escarnecem da população brasileira e das instituições, ao pretenderem se desvincular dos atos de vandalismo perpetrados no canteiro do CHE Belo Monte. Enquanto a Constituição Federal proclama a igualdade de todos os brasileiros, dentro de sua diversidade, os autores se pretendem acima dessa contingência: se sua demanda é derrotada, impõem-na à força, afinal, a derrota nunca é culpa da inviabilidade da demanda, e sim dos “poderosos”. Essa deformação é evidente já no início da nota: invadem um canteiro de obras para “denunciar violações ambientais e sociais” mas não gostam de saber que seus rostos foram registrados por câmeras. Se a causa é tão boa, porque esconder a cara? Prática semelhante, só os ladrões comuns têm, ao destruir câmeras de segurança nos locais que atacam. Observemos que a causa é tão boa que precisa importar manifestantes em outras cidades, fora do circuito do Xingu.
    “Os índios se revoltaram contra as violações”: contem, nas imagens da TV, a proporção entre mascarados evidentemente profissionais do vandalismo e índios (inclusive índios importados do Tapajós). A completa falta de respeito com os brasileiros se consuma neste trecho repugnante da nota: “o ato teve um fundo espiritual e pedagógico”!!! Que concepção têm os autores da nota da espiritualidade e da educação indígenas! Para se elevar espiritualmente, é preciso destruir computadores; para educar os funcionários do consórcio, é preciso aterrorizá-los e roubar seus celulares e documentos!
    Nem em 2007, quando os kayapó agrediram o engenheiro da Eletronorte, houve apoio indígena a tal barbárie! Claro que para se fazer de inocentes, os autores jogam tudo nas costas largas, nas buchas de canhão – os índios. “os índios disseram”, “os índios afirmam”. Mas a nota vai adiante, afirmando que existe na “espiritualidade indígena” uma tal de “lógica própria” que não comporta a “interferência de outros povos”, como se os índios fossem uma humanidade à parte, num território à parte! Céus, como se espanca a lógica verdadeira em tão poucas linhas! Vivesse a meia dúzia de índios da manifestação (inclusive os importados do Tapajós) em outro planeta, aí sim, nós não teríamos de nos preocupar se eles estariam vandalizando bens públicos lá no seu planeta. Mas o vandalismo foi aqui, feito não pela totalidade dos índios, alguns importados do Tapajós mais alguns militantes profissionais. Todos sujeitos às leis do país que, embora saibamos que eles as contestarão, se presos mais tarde, recorrerão a elas, para se safar. Estranho não?

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  3. Quer dizer que a terçadada recebida pelo diretor da Eletronorte , também era de fundo pedagógico e espiritual?Afinal, em que ficou a apuração daquele caso pela policia e o ministério público federal?

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