terça-feira, 21 de junho de 2011

O politicamente correto, o formigueiro e a Assembleia


Woody Allen, em cena de Poderosa Afrodite: ele manda, ela toma as decisões
A ditadura do politicamente correto parece que está se disseminando. É só uma impressão.
Uma impressão que se fortalece, que se consolida a cada dia, muito embora ainda seja apenas uma impressão.
A ditadura do politicamente correto é meio chata.
Aliás, é chatíssima, enfadonha.
E hipócrita - por que não?
A ditadura do politicamente correto leva a certas situações como a de você acordar de manhã cedinho, atrasadíssimo, dar uma topada na perna da mesa com o dedinho do pé de direito - ou do esquerdo, sabe-se lá - e ter vontade de berrar, em alto e bom som, todos os palavrões do mundo, de A até Z, de Z até A, mas não fazer isso porque lhe disseram - e você acredita - que gritar muito pela manhã, bem cedinho, pode alvoroçar as formigas do último formigueiro do planeta, causar-lhes um pirrique daqueles e tudo isso interferir diretamente no efeito-estufa.
Putz!
Vejam só o que mandou pra cá leitora que se identifica pela iniciais de RS.
Diz ela, a respeito da postagem A exuberância feminina na Assembleia é um espanto!:

[...] Você sabe a imensa admiração que tenho por você (sou fã mesmo), mas essa nota me causou certo desconforto. Senti uma pitada de preconceito. Corrija-me se estiver errada:

Quanto à presença feminina: vale lembrar que hoje elas estão no topo do poder no País. Temos uma presidente (me recuso a usar o termo presidenta), a ministra do Planejamento, uma ministra das Relações Institucionais e a belíssima ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
No jornalismo, uma mulher acaba de chegar ao topo da carreira internacional, assumindo a direção do jornal mais poderoso do mundo, o New York Times. E, por coincidência, acabo de ler no Yahoo matéria que mostra mulheres ocupando postos importantes da diplomacia de países do explosivo Oriente Médio.
Felizmente (ou infelizmente paras as feitas) não existe relação contrária entre beleza e competência.
Espero que as novas belas da AL não tenham sido escolhidas por outros atributos que não a competência e vou ficar na torcida para que não repitam na gestão da Casa o que outras beldades andaram aprontando no passado.
Para finalizar, minha proposta é dividir o mundo do trabalho apenas entre competentes e incompetentes. E que beleza e gênero sejam apenas detalhes.

Hehehe.
Cara RS, régua na mão.
Régua, compasso e esquadro na mão, para que possamos nos fazer entender.
Olhe, cara leitora, vamos abandonar, por algumas linhas que seja, o politicamente correto de nossas vidas.
Vamos nós dois, por um momento que seja, dar a topada pela manhã e berrar todos os palavrões do mundo, independentemente do faniquito que o último formigueiro da face da Terra vier a experimentar.
Então, RS, digamos assim, como todos os erres e esses:
Há mulher burra. Como há homem imbecil.
Há mulher patifa. Como há homem bandido.
Há mulher que fede. Como há homem que tresanda (toma-te!) o seu fartum (toma-te de novo!) a quilômetros de distância, fedendo pior do que bode velho.
Então, RS, quando dizemos que a fulana é burra, é porque ela é burra, entendeu bem?
Quando dizemos que uma mulher é bandida, é corrupta, é uma safardana, é porque ela verdadeiramente o é. E se verdadeiramente é assim, RS, não é porque é mulher, mas porque é corrupta, bandida e fedorenta. E ponto final.
Da mesma forma que os homens, cara leitora.
Se são bandidos, safados, fedorentos e burros, não é porque são homens. É porque são bandidos, safados, fedorentos e burros. E ponto.
É assim, cara RS.
É tudo assim muito simples.
Veja, minha cara: ninguém aqui pôs em dúvida a competência do time feminino - exuberante, fenomenal, um verdadeiro Barcelona de beleza - que a Mesa da Assembleia tem contratado.
Ninguém aqui pôs em dúvida a honra de nenhuma das contratadas.
Ninguém pôs em dúvida a dedicação e a operosidade que elas poderão demonstrar, porque é fato que o exercício de função de confiança é legal, legítima e revela, muitas vezes, servidores dedicados e competentes.
Apenas o que se chamou a atenção, caríssima RS, foi para o fato de que: 1. São apenas mulheres, as contratadas; 2. São apenas mulheres com dotes de parar meia Região Metropolitana de Belém; 3. As contratações são feitas num momento delicado, em que a Assembleia está no olho de furacões de denúncias e, portanto, deveria observar parcimônia mais, digamos, apurada para evitar contratempos; e 4. As contratações têm chamado a atenção, inclusive, de deputadas, de deputadas mulheres, se é que o leitora RS entende bem.
Então, caríssima leitora, àquela sensação que você externou - Senti uma pitada de preconceito. Corrija-me se estiver errada -, o blog se permite responder: "Sim, você errou".
Não houve preconceito, RS. Não houve mesmo.
Até porque, fique tranquila: quando flagrarmos mulheres burras, corruptas, patifas e desonradas, serão tratadas como burras, corruptas, patifas e desonradas (sem meias-palavras, sem quaisquer escrúpulos politicamente corretos), e não porque sejam mulheres, entendeu?
De mais a mais, cara RS, o pessoal da redação não poderia - nem que quisesse - ter qualquer preconceito contra as mulheres.
Sabe por quê?
Porque o conselho editorial aqui é todo ele feminino.
Todinho.
São três mulheres.
E ainda tem a Pucca, uma cadelinha dócil, discreta, mas que também, como toda mulher, funciona mais ou menos com aquele personagem de Poderosa Afrodite.
Lembra-se?
É uma daquelas obras-primas do Woody Allen, em que ele faz o papel do pai adotivo de um adorável garotinho.
Lá pelas tantas, há uma cena em que a mulher de Allen o trata como se fosse um capacho.
O garotinho olha para o pai e trava-se mais ou menos o seguinte diálogo:
- Papai, a mamãe é que manda no senhor?
- É claro que não. Eu é que mando aqui. Ela apenas toma as decisões.
Hehehe.
Grande Woody Allen!

4 comentários:

  1. Seu Espaço, ameeeeei a sua resposta à crítica da RS. Eu sou mulher, concursada da Assembleia e não me ofendi nadica de nada, pelo contrário, os blogs são responsáveis diretíssimos pelas denúncias daquela casa que deveria ser de leis e do povo mas não convence. Tô com o senhor e não abro. Parabéns!

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  2. Antológica, mano Bemerguy!
    Embora continue achando que mulher bonita sempre tem razão...hehehe

    JV

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  3. Então vamos acertar o seguinte.
    Em sendo " o estupro inevitavel, relaxar e gozar".
    Se é a gente "mermo" que acaba "paganu" com o nosso dinheirinho TODAS as trampolinagens da podre ALEPA, ao menos que se pague apenas as gostosas de lá.Pronto.
    Já será uma economia de roubalheira.
    Ficarão apenas, as gostosas, na obrigação de fazer publicidade (como manda a boa norma de uso do dinheiro público) divulgando suas fotos generosas pra nós, o distinto público pagante.
    Tá bom assim?
    Combinados?
    Que tal essa divulgação aqui nesse blog democrático, seu Espaço?

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  4. Olá! Brilhante texto, como sempre. Concordo com o que você disse. Só me incomoda o estigma sobre o termo politicamente correto. É o mesmo que se criou sobre direitos humanos. Hoje, quem se diz defensor dos direitos humanos, é quase apedrejado por estar, supostamente, defendendo bandidos. Mas nós sabemos que a declaração universal dos direitos humanos vai muito além disso. Da mesma forma, se condenarmos tudo o que é politicamente correto, vamos ficar com o quê? Com o politicamente incorreto? Aliás, essa fase já está sendo superada. Hoje os estorvos, os chatos, são os politicamento incorretos, vide os rafinhas bastos da vida.

    Orlando

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