segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um entendimento possível


Considerado um dos marcos da cultura grega, o pensamento filosófico e científico iniciou seu desenvolvimento no final da época arcaica e atingiu sua maior expressão no período clássico. A origem da escola está ligada à filosofia. Elas foram criadas pelos gregos antigos e eram voltadas àqueles que dedicavam seu tempo livre a refletir, a pensar. O papel e o público-alvo das escolas foram mudando ao longo dos séculos. Pelo que se sabe, foram os gregos que começaram a se preocupar com as emoções humanas e transformaram o estudo das emoções num complexo campo da psicologia.
Concepções filosóficas ou “filosofias” podem ser consideradas como sistemas teóricos que procuram apresentar entendimentos, produzidos, de certa maneira, sobre o que é a realidade ou o mundo; sobre o ser humano; sobre a gnosis (que quer dizer conhecimento); sobre a sociedade, o poder, a liberdade; sobre a história; sobre a linguagem; sobre a educação etc.
A produção desses entendimentos dá-se, sempre, no interior de situações históricas concretas com todos os condicionamentos sociais, econômicos e políticos ali presentes e se constitui num esforço, nem sempre tranquilo de busca de respostas a necessidades de cada formação histórica, ou de cada formação social, em cada época.
Contudo, veja só. Filosofia e Educação: pode haver um entendimento possível desta relação? Claro, nas teorias e práticas educacionais estão presentes concepções filosóficas que englobam abordagens de suas áreas de investigação, como Ontologia, Antropologia Filosófica, Teoria do conhecimento, Ética etc.
As grandes interrogações que os filósofos do passado fizeram permanecem no presente: os homens de hoje continuam a se colocar problemas sobre eles mesmos, sobre a vida, sobre a sociedade, sobre a cultura, sobre o transcendente etc., que constituem verdadeiros desafios à nossa atividade reflexiva. Sócrates (470-399 a.C) defendeu que a reflexão e a virtude eram fundamentais à vida.
São questões básicas ou, pode-se denominá-las, questão de fundo. São aquelas questões que, lá no íntimo de cada um, os seres humanos sempre a encontraram e para as quais precisam das respostas que lhes sirvam de guias ou de sentidos. Sentido ou direções que os auxiliem no encaminhamento de suas vidas. Nunca são respostas precisas ou definitivas, mas cumprem este papel direcionador da existência humana até que as condições objetivas históricas lhes demandem novas proposições.
Não há prática humana sem teoria. Ou seja, tudo o que fazemos, o fazemos por conta, também, de algum entendimento (teoria), ainda que enganado ou errôneo. Há sempre algum entendimento ou algum saber presente em nossas práticas. No que respeita ao ensino, a prática de participar de estudos em escolas, até mesmo no ensino superior, é uma prática que se orienta por entendimentos (teorias) sobre o que é estudar, sobre o que é estudar para se preparar para certas profissões.
Há, na educação e, em especial, na educação escolar a proposta de que as pessoas tenham conhecimentos cada vez mais claros, mais fundamentados e mais abrangentes sobre tudo. Educar é buscar “influenciar” a boa maneira de ser gente.
No mais, todo educador precisa se dar a oportunidade dessa reflexão. Por tudo o que foi dito, se vê o quanto é importante e necessária a reflexão filosófica na formação e na prática do educador. Portanto, há uma relação intrínseca entre Filosofia e Educação.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

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