quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Livro aborda política, ditadura, pré-sal e eleições 2010

Leopoldo Vieira é editor do blog Juventude em Pauta é jovem, tem 26 anos, é filiado ao PT desde os 15. Entre outras funções, já foi, entre 2005-2007, secretário nacional adjunto da Juventude do PT e assessor de juventude da Casa Civil do Governo do Pará. Referência nacional na área de políticas de juventude, recentemente foi destaque na edição especial de 30 anos do PT da revista Teoria & Debate (Nº 86) , editada pela Fundação Perseu Abramo, na reportagem "Como Nossos Pais", sobre os futuros dirigentes do partido, onde figuraram personagens como o ministro Alexandre Padilha. Nessas eleições, ele é o coordenador da campanha de juventude de Dilma Rousseff no Pará.
Publicou em 2009 o pocket book A Juventude e a Revolução Democrática. No dia 8 de setembro próximo, uma quarta-feira, a partir das 19h30, no Boteco da Computer Store (Antonio Barreto nº 1.176, entre Alcindo Cacela e 9 de Janeiro), lançará o livro Juventude: Novas Bandeiras, reunião de artigos que versam sobre reforma política, Amazônia, arquivos da ditadura, mercado de trabalho, pré-sal, agricultura e - como não poderia deixar de ser -, sobre eleições 2010, entre outros assuntos, sempre pela ótica da juventude. O selo é da Labor Editorial.
Quem assina o prefácio do livro é o ex-presidente do PT e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em cujo blog Leopoldo é colunista. Neste prefácio, lá pelas tantas, o factótum do PT Zé Dirceu diz que "O que o Brasil precisa hoje é de uma plataforma clara para a juventude, com metas, objetivos e uma mensagem". Diz acreditar que Leopoldo deu uma importante contribuição ao dizer que o livro "dá um exemplo de como nossos jovens estão atentos às questões do seu tempo, preparados para apresentar propostas e discutir o país com muita qualidade"
Leopoldo compõe ainda a direção estadual da juventude do Partido dos Trabalhadores no Pará e é consultor para o desenvolvimento de políticas públicas e legislação de juventude, tendo contribuído para formular iniciativas em mandatos municipais e estaduais de todo o país. Desde 2009, assessora o mandato do deputado estadual Carlos Bordalo (PT).
A seguir, a entrevista de Leopoldo Vieira ao Espaço Aberto.

Quais são as novas bandeiras da juventude?
O Brasil hoje vive um bônus demográfico-geracional, isto é, com um terço da nossa população tendo entre 15 e 29 anos (51 milhões de pessoas), temos uma oportunidade inédita, porque nunca tivemos em números absolutos tantos jovens, de promover o desenvolvimento do país através do investimento na atual geração. Questões como vida saudável, renda, acesso aos bens culturais - via lazer, esporte, arte e educação -, qualificação para o mundo do trabalho com domínio dos instrumentos de tecnologia sustentável, além de dilemas étnico-raciais, de gênero e orientação sexual podem ser superados através de um projeto político que inclua a juventude, a médio prazo. Ela pode ser o elo entre o passado atraso e futuro desenvolvido.

Mas os jovens não são revolucionários, rebeldes, explosivos? Ou isso deixou de acontecer?
Os jovens querem realizar seus sonhos. No livro anterior tratei disso. Não existe rebeldia natural e nem se deve fazer comparativo entre as gerações, porque não existem dados, estudos, pesquisas, que provem que os de 60 e 70 eram mais engajados do que hoje. Naquela época, assim como hoje, a imensa maioria queria ter uma vida melhor, oportunidades. A sua vanguarda política criou as lutas que a realidade daquela época exigia diante das pequenas possibilidades, dada a repressão. Hoje, os agentes da política juvenil lutaram para incluir os jovens na Constituição, via PEC da Juventude, aprovada em julho deste ano; para conquistar a reserva de 50% do futuro Fundo Social do Pré-Sal para a educação, que deve ter foco na educação básica e na inovação tecnológica e, entre outras coisas, pelo Plano, Estatuto e Sistema Nacional de Juventude, que serão o arcabouço de direitos, o planejamento de oportunidades para os jovens nos próximos 10 anos e a rede oficial de produção de emancipação social. Já tinha abordado isso no primeiro livro: na democracia, a luta da juventude é por marcos legais e para transformar seu peso social em espaços políticos, sempre com esse horizonte: a causa dos jovens são eles próprios, na medida em que são agentes do desenvolvimento nacional.

Apesar de ser um lançamento para todo o país, você destaca a Amazônia no seu livro. Qual a bandeira dos jovens nessa região?
O desafio amazônico é ainda maior, a juventude é "mais estratégica" do que no restante da nação para o desenvolvimento, uma vez que aqui 60% da população é infanto-juvenil. É pelo investimento geracional que mudaremos os padrões socioeconômicos e culturais amazônicos e a grande tarefa programática é formar pessoas munidas de uma profunda consciência ambiental, protagonistas de iniciativas econômicas sustentáveis, produtoras de conhecimento baseado na tecnologia limpa, ambientalmente correta e socialmente justa, e comprometidas com a defesa desse patrimônio brasileiro da biodiversidade mundial. Mas o desafio não se reduz às questões sociais. Para dar cabo dele, é preciso fortalecer, empoderar e projetar politica e programaticamente os jovens da Amazônia, para que sejam vanguardeiros dos processos do país, presentes em espaços de direção, visibilidade e com capacidade de influenciar a formulação de ações e projetos. É também ‘geracionalmente’ que se vai criar a força que a região precisa ter pra ser valorizada e defendida.

Você é o coordenador da campanha para os jovens da Dilma Rousseff no Pará. Nessas eleições, os candidatos conseguem dialogar com essas novas bandeiras que você discute no livro?
Falando a partir de uma posição política que não nego, a de petista e de coordenador escolhido pela juventude do PT e apoiado pelas demais juventudes aliadas, acredito que sim. Segundo o Datafolha do dia 20/08, a última pesquisa a dar 47% a 30% para Dilma contra Serra, configurando a vitória no primeiro turno, revela a força do voto juvenil para a virada: entre jovens de 16 a 24 anos, Dilma aparece com 50%, Serra 28%. Já entre os de 25 a 34 anos, Dilma também bate os 50%, enquanto Serra pára nos 29%. Na última, do dia 26, entre o eleitorado de 16 a 24 anos, nos últimos quatro dias, Dilma já tem vantagem de 24 pontos em relação a José Serra (PSDB): 52% a 28%. A mais recente pesquisa CNT/Sensus aponta que mais da metade (50,5%) dos jovens que votarão pela primeira vez em um presidente pretende eleger Dilma Rousseff. Isso se dá porque teve ProUni, ProJovem, expansão de universidades e escolas técnicas, além do fato de que o Caged aponta que 80% dos 10 milhões de empregos criados de 2003 a 2009 foram ocupados por jovens. Ou seja: sonhos realizados. Da parte da Dilma, pelo menos, tem muito afinamento.

A Ana Júlia, de quem você foi crítico quanto à política de juventude, como anda entre os jovens?
Acredito na crítica como essencial para as coisas se desenvolverem, mas ela teve seu momento, num partido democrático e plural como o PT . A governadora Ana Júlia inaugurou a política para jovens no Pará, com o Bolsa-Trabalho, meia-passagem intermunicipal, kits escolares etc., sendo o Bolsa o carro-chefe dessas oportunidades. Nós, da Juventude do PT, fomos protagonistas da elaboração da plataforma que ela agora apresenta para os jovens na reeleição, produzindo 13 compromissos que vão ao encontro do que sempre defendemos: vamos avançar para o Plano Estadual de Juventude, interiorização de espaços de esporte, cultura e lazer, crédito, incentivo ao jovem rural, incluindo a mobilização contra o analfabetismo, cotas sócio-raciais na UEPA e muitas outras medidas previstas.

E o Zé Dirceu, Leopoldo, é uma figura polêmica, sem dúvida. Ele é uma boa referência para os jovens que lutam por novas bandeiras?
Não tenho a menor dúvida. O Zé representa todo o idealismo e sacrifício de uma geração que, reprimida intelectualmente, politicamente e vendo as promessas de desenvolvimento e oportunidades serem descumpridas pelos governantes, entregou a vida pela democracia e para termos, hoje, toda essa prosperidade no Brasil, ainda que muito precise ser feito. O Zé representa, para os jovens políticos, um estrategista e organizador brilhantes, capaz de preparar o maior partido de esquerda do Brasil para governar de verdade e conquistar a Presidência da República. Um partido das políticas públicas de igualdade e das alianças democráticas para não fazer o jogo da direita, que seria se permitir isolar social e eleitoralmente. O Zé representa a determinação de um militante que, sendo linchado e perseguido, a partir de denúncias de um deputado cassado por falta de provas, optou por enfrentar toda a opinião publicada, a obstrução do direito à defesa na grande Imprensa, o calor do senso comum levado ao extremo pela oposição e seus meios poderosos de difusão de opinião, e defender seu mandato, seu passado e sua honra, se negando, inclusive, a renunciar e a batalhar hoje para provar sua inocência, quando todo o Direito obriga é seus detratores a provarem sua culpa, o que nos autos do processo inexiste. Sem dúvida, um grande exemplo. Além do que, no PT, o Zé é um dos maiores entusiastas de se dar uma chance para os jovens, seja no âmbito partidário ou nas políticas. É dele a frase, quando tive a oportunidade de entrevistá-lo, junto com outras lideranças juvenis: "não existe política de desenvolvimento nacional sem uma política de juventude".

Você fala em novas bandeiras. Mas quais as suas bandeiras pessoais?
Não posso me contradizer... (risos), como jovem quero os sonhos realizados: me formar (retomei meu curso de Direito), a família e os filhos já são fato e vão bem, obrigado. E, claro, pretendo seguir contribuindo para transformar o Brasil num país desenvolvido com justiça social com os jovens no cerne desse projeto.

11 comentários:

  1. Anônimo1/9/10 08:19

    Zé Dirceu é alienação pura. É a contradição do comportamento sério, honesto e sensato que um jovem deve ter. Contraproducente até.
    De como não deve ser a arte ou ciência de governar.
    De como os meios não justificam o fim.
    É a astúcia maquiavélica no procedimento para obtenção do poder pelo poder, no sentido mais escuso.
    É o exemplo que jamais deverá ser seguido.
    É a negação da democracia, do dever-ser, da honestidade, do interesse público e cidadania.
    É a política de interesses pessoais, de troca de favores em prol de um grupelho.
    É o verdadeiro politicalho.

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  2. Ismael Moraes1/9/10 09:59

    Prezado Bemerguy, fiz o seguinte comentário no blogdareporter, sobre essa notícia:

    "Parodiando o grande Bemerguy,
    "fora de brincadeira", mas parece piada. Escrever um livro tratando de "novas bandeiras para juventude" e colocar José Dirceu com prefaciador? Por favor, respeitem meus (nossos) cabelos brancos. O PT ainda tem pessoas respeitáveis em seus quadros.
    Coloquem o Suplicy, coloquem o José Eduardo Cardozo.
    Desculpe, senhor autor, mas vc colocou para apresentar a sua obra um sujeito formalmente acusado de ser chefe de uma quadrilha organizada para desviar dinheiro público com o fim de corromper deputados!
    Para mim, isso é um acinte a qualquer cidadão, e mais ainda àqueles que têm filhos jovens, como eu, que tenho um de 15 anos, e que caso o pegasse com uma coisa assim na mão, tomaria e jogaria no LIXO!"

    Acrescento a seguinte indagação: "Que exemplo ele quer dar à juventude?"

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  3. Anônimo1/9/10 11:59

    Faltou acrescentar aos "sonhos" dele:
    ...que as entidades estudantis, a começar da UNE, permaneçam recebendo os gordo$ calaboca$ do governo, agora da cumpanhera Dilma.
    Assim permanecerão caladinhos e anestesiados assistindo docemente e aplaudindo ZéSaidaíDirceu, Sarney, Renan, Jader e demais "nobres conselheiros" do pai Lula, agora com "mãe" Dilma.
    Lamentavel juventude chapa-branca, isso sim.

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  4. Anônimo1/9/10 13:29

    Moleque safo, bem articulado, parabéns pela iniciativa!

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  5. Anônimo1/9/10 13:30

    A direita irada não entende bulhufas. ódio merecido pela firme posição Leopoldo.
    Viva Dirceu, viva a juventude combativa!

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  6. Anônimo1/9/10 13:31

    Bemerguy, o ZD é polêmico mesmo, mas o mérito do Leopoldo é inconteste. Como jovem político está muito bem posicionado.

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  7. Anônimo1/9/10 13:32

    e a galerinha da ds se roendo de inveja e raiva...rsrs
    da direita, nada de diferente do que a tentativa de desqualificar. Mas o garoto surpreendeu.

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  8. Anônimo1/9/10 13:33

    O José Dirceu é acusado sem prova NENHUMA.
    A tucanada morre de medo dele, isso sim.
    Passem outra hora!

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  9. Anônimo1/9/10 13:39

    PB, muita gente não entendeu foi o nível de articulação desse rapaz dentro do PT, ainda tão jovem. Um futuo brilhante o espera pelo visto. Show de bola essa cartada do Leopoldo.
    Ser "o cara" de um cara como o Zé Dirceu é muito know how, muita inveja rolando e despeito tb.

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  10. Bom, o debate sobre juventude realmente tá longe de ser levado a sério. Penar que por decreto, por lei, a juventude vai ser levada a sério é pura piada. Cadê a consciência de classe? Essa galera social democrata, ou pior, social liberal do PT só me faz rir.

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  11. NO MEU PONTO DE VISTA A JUVENTUDE DEVE SER ENCORAJADA SIM E, AINDA, COM MAIS INICIATIVAS LÓGICAS DE IMPLEMENTOS VERÍDICOS DE NOSSOS DIREITOS DENTRO DO CONGRESSO NACIONAL OU QUALQUER OUTRA INSTÂNCIA PÚBLICA OU PRIVADA. PORTANTO, TER REPRESENTANTES JOVENS NOS PARTIDOS POLÍTICOS DO BRASIL É A GARANTIA QUE PODEMOS SER MAIS RESPEITADOS E TER STATUS SOCIAL, TORNANDO-NOS VERDADEIROS CIDADÃOS!!!

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