terça-feira, 10 de março de 2009

Sentença sairá hoje

No AMAZÔNIA:

Com duas horas de atraso, o julgamento de Carlos Eduardo Pereira Pinto, o 'Dudu', e Adriano Cezar Gouveia Corrêa, o 'Dida', acusados de matar o despachante da TAM, Bruno Abner Pereira Rodrigues, de 26 anos, começou ontem de manhã e deve se encerrar hoje, com o anúncio da sentença. A promotora Rosana Cordovil pediu pena máxima e está confiante na condenação dos réus, que respondem pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e tentativa de homicídio. 'A promotoria tem cinco testemunhas oculares do caso e está pedindo pena máxima. Acreditamos que os acusados serão condenados e a pena deve ser, no mínimo, de 50 anos', declarou.
Entre as testemunha estão a esposa e a mãe da vítima, Bruna Barbosa Coutinho e Maria Andrelina Pereira e um vizinho, Deivid Barata Silva, que ajudou a socorrer Bruno Abner no dia do crime. Deivid seria o alvo dos atiradores, que atacaram Bruno por engano.
O advogado de defesa, Hedy Carlos Soares, afirma que, por causa disso, o acusado Adriano Corrêa deveria ter um julgamento diferenciado, pois agiu sob forte emoção e atirou na vítima por engano. 'Quando Adriano atirou em Bruno Abner achava que estava atingindo o assassino de seu irmão. Portanto, o julgamento neste caso é diferenciado. 'Nós estamos apenas nos baseando no que diz a lei', justifica.
Insultos - A segunda parte do julgamento, ontem à tarde, foi marcada por brigas e trocas de insultos entre os membros do Ministério Público e da Defensoria Pública. A confusão começou depois que a testemunha Luciana Pereira, esposa de um dos acusados, disse que ela e outras testemunhas teriam sido ameaçadas de prisão pela promotora Rosana Cordovil. As declarações foram exploradas pelo defensor Paulo Bona, que conduziu o interrogatório na tentativa de mostrar que houve intimidação das testemunhas. Cordovil se irritou com as acusações e disse que os defensores estavam 'desesperados' e deu pêsames aos defensores.
Perigosos - 'Nunca me deparei com uma situação como essa. Só pode ser desespero porque os senhores estão tentando absolver duas pessoas perigosíssimas', disse ela, pedindo providências contra o depoimento da testemunha. 'Se você não sabe o que é o Ministério Público, você vai saber', disse ela à testemunha.
O clima continuou tenso quando o defensor Hedy Carlos Soares levantou suspeitas sobre procedimentos adotados pela promotora durante a instrução, alegando que ela teria colhido provas de modo duvidoso. Rosana Cordovil reagiu chamando Soares de 'promotor de gabinete' e disse que ele, que é natural do Estado do Mato Grosso, deveria 'voltar para o lugar de onde saiu'. O defensor considerou que a manifestação foi ofensiva e discriminatória. O juiz Edmar Pereira encerrou a discussão dizendo que os promotores e defensores teriam hoje o espaço dos debates para discutir.
Além das polêmicas, outro momento importante do Júri foi o depoimento de Bruna Barbosa Coutinho. Ela era noiva de Bruno Abner e estava com ele no momento do crime. Bruna voltou a afirmar que Carlos Eduardo abordou Abner, enquanto um terceiro acusado - 'Galinha', já morto - se posicionou na frente do carro e Adriano César ficou do lado da janela do passageiro. Ela afirmou que todos estavam armados e que Eduardo atirou primeiro. Ela afirmou não ter dúvida do envolvimento de ambos no crime e reafirmou ter visto ouvido quatro disparos - duas balas atingiram Bruno Abner, que morreu na hora.
Emoção - Ainda à tarde, os jurados e presentes no salão assistiram a um vídeo produzido pelo Ministério Público, duas reportagens veiculadas em tevês locais e uma animação com fotografias e trilha sonora da vítima desde a infância da vítima. O vídeo e a trilha sonora voltaram a provocar polêmica entre os defensores. Hedy Carlos alegou que não ouviu a trilha sonora antes do julgamento porque os computadores da Defensoria Pública não são equipados com 'kit multimídia', o que permite a reprodução de sons. Paulo Bona, por sua vez, se queixou que o juiz deixou de apreciar um pedido de suspensão do Júri e perícia no vídeo ministerial, segundo ele, produzido de forma 'unilateral' pelo Ministério Público.

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