Órgãos de paraense morta salvam sete pessoas

No AMAZÔNIA:

Parentes da dona de casa Luciana Santos Seabra, 32 anos, vítima da violência doméstica, autorizaram a doação dos órgãos ontem e, com isso, devem acabar com o sofrimento de até sete pessoas que esperam nas filas de transplante. Luciana teve morte cerebral após espancamento pelo marido, Ronilson Seabra, que está preso. O crime aconteceu mês passado em frente à casa onde ambos residiam, no bairro Novo Estrela, periferia de Castanhal.
A ciurgia para a retirada de sete órgãos seria realizada na madrugada de hoje. O fígado será encaminhado para o Rio de Janeiro e as válvulas cardíacas vão para o Banco de Válvulas Cardíacas de Curitiba (PR) porque no Pará não há esses recursos clínicos.
Os rins e as córneas ficarão em Belém para atender a fila de espera para transplantes. Todo esse processo está sendo acompanhado pela família, segundo Lucilene Santos, irmã da vítima.
Lucilene revelou que a decisão foi tomada em conjunto pelos pais e parte dos 14 irmãos. 'Queríamos salvar ela, mas como não foi possível, ameniza a dor saber que ela vai salvar outras pessoas', comentou.
Segundo Lucilene, a decisão de doar os órgãos de um familiar parecia difícil, mas somente até a família se deparar com a situação. 'Antes, eu tinha um pensamento diferente. Tem gente que deixa de doar porque tem dúvidas, mas quando a gente passa pela situação vê que é importante'.
Lucilene contou que a irmã era uma pessoa muito boa e que, por vergonha e medo, ela se recusava a denunciar as agressões do marido. Ele teria até exigido que ela abandonasse a casa, disse.
A vítima deixou quatro filhos, de 8, 11, 13 e 16 anos de idade. O agressor está preso e, segundo Lucilene, a família dela aguarda o laudo da morte para que a investigação aponte o homicídio.