quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Cabeças vão rolar no governo do Estado, como efeito da repercussão negativa de projeto que extingue secretarias

Paes Loureiro lê o seu "bilhete ao governador", com críticas ao PL 701/2024: episódio
do envio do projeto à Alepa deve resultar em punições no âmbito do próprio governo

Cabeças vão rolar - se é que já não rolaram - no primeiro escalão do governo Helder Barbalho, como rescaldo da grande e negativa repercussão política gerada pelo envio à Assembleia Legislativa do Estado, na semana passada, do projeto de lei 701/2024, que prevê a extinção de mais de dez secretarias estaduais e fundações, incluindo a Secretaria da Mulher (Semu) e a Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sirdh).

Titular de uma das mais importantes e estratégicas secretarias de Estado já ouviu do próprio governador Helder Barbalho que não mais integrará seu secretariado quando voltar das férias, que já estão se iniciando, segundo apurou o Espaço Aberto

A exasperação do governador cresceu à medida que aumentaram as manifestações contrariadas de amplos segmentos - sobretudo da área cultural - ao projeto, encaminhado ao Legislativo, segundo o blog conseguiu apurar, sem que tenha sido "finalizado" por Helder, ou seja, sem que ele tenha dado a última palavra, antes de a matéria ser submetida aos deputados.

"O governador, de fato, autorizou que fosse elaborado um projeto de reestruturação administrativa, mas é evidente que, para o encaminhamento à Assembleia, era necessária a sua palavra final. Com isso, ele sentiu-se praticamente surpreendido quando soube que a matéria já estava lá [na Alepa] e mandou retirá-la no mesmo dia", contou ao blog uma fonte com larga circulação entre parlamentares governistas e secretários estaduais.

Repercussão relâmpago

Mesmo com a agilidade com que o governo agiu, foi em velocidade relâmpago que circulou, além dos muros da Alepa, a informação sobre o teor da proposição e o alcance da reforma prevista. Isso foi suficiente para desencader uma forte reação popular, incluindo entidades sindicais, como os Sindicatos dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) e dos Trabalhadores das Empresas de Radiodifusão (STERT), e vozes infuentes da área cultural, como o poeta João de Jesus Paes Loureiro, que gravou um vídeo, postado nas redes sociais, fazendo duras críticas ao PL 701/2024 e comparando-o a medidas inspiradas pela "ideologia do Estado mínimo".

De acordo com a versão ouvida pelo Espaço Aberto, o projeto foi devolvido ao Executivo não em decorrência da pressão popular, até porque a devolução ocorreu no mesmo dia em que chegou ao Legislativo, mas à contrariedade do governador, que não havia dado o seu aval para o envio da matéria ao parlamento.

"Esse caso foi bem diferente de outro projeto, o PL 729/2024, que resultou em manifestação de professores nas imediações da Alepa, reprimida com spray de pimenta atirado pela Polícia Militar. Nesse caso, mesmo com toda essa manifestação, o governo manteve o projeto em pauta, tanto que foi aprovado por ampla maioria, porque foi uma decisão política aprová-lo. Já o 701/2024, não. Neste, o governador foi surpreendido", explicou a fonte.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Vini Jr. é "a cara do futebol brasileiro"? Não o desmereçam.

Vini Jr.: ele merece elogio muito melhor - e mais verdadeiro - do que considerá-lo
"a cara do futebol brasileiro", que há muito deixou de ser referência de qualidade

Como esperado, o Real Madrid acaba de vencer o Pachuca do México com facilidade, por 3 a 0, e assim fatura seu 9º título mundial.
Bem interessantes são os narradores brasileiros, que não conseguem superar certos chavões absolutamente despropositados - como todo chavão que se preze.
O narrador da Globo, por exempo, esgoelou-se dizendo que o primeiro gol do Real, marcado por Mbappé, teve "a cara do futebol brasileiro".
Por quê?
Por que Vini Jr., merecidamente escolhido pela Fifa, nesta terça-feria (17), o melhor do mundo, fez uma assistência magistral para o francês.
E muito mais esgoelou-se o narrador, no mesmo sentido, quando Rodrygo fez um golaço, o segundo dos merengues.
"Cara do futebol brasileiro"?
A "cara do futebol brasileiro" é o futebol praticado por Vini Jr. e Rodrygo?
Não os desmereçam.
Vini Jr. tem a cara, isso sim, do futebol espanhol (pra mim, com todo o respeito, o melhor do mundo), do futebol inglês, do futebol alemão... E por aí vai.
Rodrygo também.
Dizer que Vini Jr. tem a "cara do futebol brasileiro" não o eleva; ao contrário, o atira na zona da mediocridade.
Para confirmar que o futebol brasileiro já perdeu a aura de ser referência de qualidade no mundo é que, nos últimos 17 anos, nem um jogador brasileiro havia sido eleito o melhor do planeta.
Enfim, o futebol brasileiro, a rigor, parece estar conformado de que não se inclui mais, há muito tempo, entre as melhores referências mundiais.
Mas é preciso que os narradores se convençam disso.
Do contrário, continuarão enchendo os nossos ouvidos de chavões despropositados.

A lição dos sul-coreanos democratas aos fascistas brasileiros

Yoon Suk Yeol: ele até pode ser como Bolsonaro. Mas os sul-coreanos
não são como os bolsonaristas

As ruas de Seul, a capital da Coréia do Sul, amanheceram no último sábado (14) lotadas de manifestantes saudando a decisão do Parlamento, que decretou o impeachment do presidente conservador Yoon Suk Yeol.

Mas o que, afinal de contas, as efusões dos sul-coreanas têm a ver com os bolsonaristas fascistas daqui do Brasil?

Têm tudo a ver. Mas tudo mesmo!

Aqui, bolsonaristas fascistas já aprenderam, como papagaios, a repetir o que repete o mito deles, o corrupto e golpista Jair Bolsonaro: que as discusões travadas no final de 2022, sobre a implantação de um estado de sítio ou de defesa no País, não podem ser consideradas um crime, porque ambas as medidas estão previstas na Constituição.

O próprio energúmeno já disse isso várias vezes.

“Você vê até os depoimentos dos comandantes de Força, eles falam que o Bolsonaro discutiu conosco hipóteses de 142, de estado de sítio, estado de defesa. E eu discuti, sim, conversei. Não fui nenhuma discussão acalorada”, afirmou o gopista no final de novembro.

Então, tá!

Só acredita nesse argumento idiota quem é idiota, como Bolsonaro é.

Yoon Suk Yeol está provisoriamente afastado porque decretou - e logo em em seguida revogou - a lei marcial no país, que consiste, entre outras coisas, em severas restrições às liberdades civis e à liberdade de Imprensa.

A lei marcial, medida excepcionalíssima, também está prevista no ordenamente jurídico sul-coreano. Mas o contexto, a fundamentação, a oportunidade e conveniência se utilizá-la precisam ser amplamente sopesados.

O presidente decretou a lei marcial em um contexto de crescente instabilidade política e protestos em massa contra seu governo. A medida visava reprimir movimentos de oposição, mas os sul-coreanos, em defesa da democracia, foram às ruas em enormes manifestações e acabaram pressionando o Parlamento a derrubar a medida.

A crise gerou gerou um forte debate sobre os limites do poder presidencial no país, considerando-se, como já dito, que medidas excepcionais só podem ser adotadas em situações excepcionalíssimas. E os sul-coreanos acharam que aquela não era uma situação excepcinalíssima que justifasse a adoção da medida excepcional.

Assim deveria ter sido por aqui.

Bolsonaro, seguramente, não sabe distinguir graus de excepcionalidades. E àquela altura - no final de 2018, após ter perdido as eleições -, continuava, como continua até agora, convencido de uma maluquice que só um malucão como ele é capaz de acreditar: que as urnas eletrônicas foram fraudadas em favor de Lula, o eleito.

Eis aí a motivação impossível de ser acolhida, caso uma das duas medidas excepcionais em cogitação viesse a ser tomada, e ainda que esteja prevista na Constituição.

Bolsonaristas fascistas, se forem capazes de aprender alguma coisa, têm muito que aprender com os sul-coreanos democratas.

domingo, 15 de dezembro de 2024

Poeta Paes Loureiro critica projeto de Helder que extingue mais de 10 secretarias: "ideologia do Estado mínimo"

O poeta João de Jesus Paes Loureiro, em vídeo divulgado nas redes sociais, junta-se às vozes que, nos últimos dias, têm feito duras críticas ao projeto de lei 701/2024, encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado pelo governador Helder Barbalho, prevendo a extinção de mais de dez secretarias estaduais e fundações, incluindo a Secretaria da Mulher (Semu) e a Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sirdh).

Uma das vozes mais respeitadas da intelectualidade paraense, Paes Loureiro, também professor e escritor, que já exerceu cargos públicos na área cultural, avalia na mensagem, por ele chamada de "bilhete ao governador", que a proposição "tem a ideologia do Estado mínimo".

Na mensagem, Paes Loureiro relembra que conheceu Helder "ainda garoto, de calças curtas", quando ocupava a função de superintendente da Fundação Cultural do Pará no governo do pai do governador, o senador Jader Barbalho.

Ressalta que, ainda quando exercia o cargo de secretário municipal de Educação e Cultura, na gestão do prefeito Coutinho Jorge (1986-1989), foi convidado pelo próprio Jader, então governador, para formular o projeto de uma fundação cultural que tivesse amplitude funcional do prédio a ser inaugurado, então chamado de Centur.

"Fiz o projeto da Fundação Cultural do Pará. No dia da instalação e inauguração, [Jader] me nomeou o seu primeiro superintendente. O governador Jader Barbalho construiu o mais importante espaço cultural do Estado desde o Theatro da Paz da época da borracha, e a Fundação fortaleceu e dimensionou nacionalmente arte e cultura do Pará", afirma o poeta.

Paes Loureiro acrescenta que "toda vez que há desejo de diminuir custos do Estado no país, a primeira coisa que se pensa é economizar na arte cultura,  educação e comunicação. Porém, educação, arte cultura e educação exigem tempo para o seu amadurecimento, continuidade, atualização e recursos apropriados à execução e sua essencial atividade, principalmente na Amazônia, para que se afirme na evolução continuada do mundo. E saiamos do complexo colonial e da sensação de inferioridade que disfarçadamente ou explicitamente nos agridem".

O poeta termina com um apelo: "Prezado governador Helder Barbalho, o senhor vem fazendo um governo marcante. Tornou-se uma liderança amazônica nacional, passou a ser reconhecido internacionalmente, está preparando uma COP30 que colocará o Pará na agenda mundial. Não queira ser o governador que enfraqueceu ou permitiu o desaparecimento histórico do que mais nos orgulhamos e nos distingue no campo da arte, cultura e comunicação e educação: a nossa identidade paraense amazônica, única única no mundo".

"Ataque à comunicação pública"

Os Sindicatos dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) e dos Trabalhadores das Empresas de Radiodifusão (STERT) também já se manifestarem publicamente contra o projeto encaminhado à Assembleia. Em nota, as duas entidades consideram que a proposta não foi submetida à audiência da sociedade e "ataca diretamente a comunicação pública, a cultura e os direitos humanos".

Se for aprovado, acrescentam os dois sindicados, a projeto exintuirá a Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), vinculando a instituição à Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) "e mostrando o descompromisso com a qualidade informacional prestada à população paraense, ao subordinar uma emissora educativa aos interesses ideológicos, familiares e eleitoreiros do governo de plantão, confundindo comunicação pública com assessoramento governamental".

Os sindicatos ressaltam que a Funtelpa existe há quase 50 anos e tornou um patrimônio público do povo paraense, essencial para a defesa da democracia, da liberdade de expressão e da ampliação do conhecimento. "É um ataque também a dezenas de servidores públicos (concursados, estatutários e celetistas), que dedicam sua vida e seu conhecimento para difundir informação educativa de qualidade e que, agora, vêem sua carreira e até seus empregos em risco, justamente em um período em que avançava o debate e as articulações para implantação do PCCR da Funtelpa", afirmam os dois sindicatos.

sábado, 14 de dezembro de 2024

Braga Netto na cadeia. Mas só agora? E Bolsonaro, por que continua solto?

Bolsonaro e Braga Netto, dois deliquentes incomuns: alguém acha que,
com essa intimidade toda, um não sabia o que o outro fazia?

Em 19 de novembro, precisamente nesse dia, o Espaço Aberto perguntou: Por que Braga Netto não foi preso?

Na ocasião, comentavam-se as prisões naquele dia, durante a Operação Contragolpe, de cinco meliantes golpistas, sendo quatro militares do Exército e um agente da Polícia Federal, suspeitos não apenas da tentativa de dar um golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito, mas também porque teriam articulado o assassinato de autoridades. E essa camarilha reuniu-se - adivinhem só! - na casa de Braga Netto, que, então, permaneceu livre, leve e solto.

Agora, enfim, o general está na cadeia. Ou sob custódia do Exército, termo técnico que outra coisa não significa senão que o delinquente está no xilindró.

Sim, Braga Netto é um delinquente. Mas um deliquente incomum, um delinquente, digamos assim, especial.

Delinquente comum é o que bate a sua carteira ou furta o seu celular. Ou mesmo o bolsonarista idiota que canta o Hino Nacional batendo continência para um pneu.

Delinquente incomum, no caso de Braga Netto, é quem, como ele, foi nada menos do que ministro da Defesa e ministro-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, como também companheiro de chapa do energúmeno - e também corrupto -, em 2022.

À época das cinco prisões ordenadas pelo Supremo, era ilógica, incompreensível e inacreditável que a mesma medida não tivesse sido tomada contra Braga Netto, em cuja residência foram tramados vários crimes.

Agora, enfim, ele está preso. Ainda que tardiamente, mas está.

E o cabeça da quadrilha?

A prisão de Braga Netto, todavia, conduz a uma outra e insistente pergunta que todos se fazem - inclusive o Espaço Aberto - há meses: e Bolsonaro, o deliquente-chefe, o cabeça da quadrilha, por que ainda não foi preso?

Também não há lógica, não há racionalidade e nem razoabilidade que Bolsonaro continue livre, sobretudo agora, com Braga Netto sob custódia do Exército.

Alguém acredita que Braga Netto agiria - como a Polícia Federal afirma que agiu - sem o conhecimento de Bolsonaro?

Alguém acredita que Braga Netto agiria sem a anuência de Bolsonaro?

Alguém, em sã consciência, acredita nisso?

À exceção de bolsonaristas - idiotas e delinquentes comuns -, ninguém, é claro, acredita! 

Nem Bolsonaro acredita, tanto é assim que já até admitiu pedir refúgio em alguma embaixada para escapar da prisão, fazendo jus, assim, à sua mítica - aí, sim, mítica - fama de covarde.

Se nem Bolsonaro, que é um deliquente fascista - ou um fascista delinquente, se quiserem -, acredita nisso, por que adiar-se a prisão de Bolsonaro?

Por quê?