terça-feira, 23 de setembro de 2008

Votar em branco ou anular o voto também é democrático

Eleição à vista, cresce a pregação do voto em branco.
Eleição à vista, idem com a pregação do voto nulo.
Uma e outra conclamação é motivo de repulsa em vários setores, para os quais o voto em branco e o voto nulo representariam uma recusa em aderir a postulados democráticos.
Quem diz isso não sabe o que diz.
Ou sabe. Mas fala com se não soubesse.
Quem acredita que votar em branco ou anular o voto deslegitima a vontade popular?
Quem acredita que votar em branco é uma agressão a princípios democráticos?
É evidente que, numa democracia, votar é preciso, votar é imprescindível.
Mas a manifestação do eleitor não se expressa apenas quando escolhe A, B ou C.
Também se expressa quando não escolhe nenhum deles – nem A, nem B, nem C.
Também se expressa quando anula seu voto para não ter de escolher nenhum deles.
Se as opções oferecidas ao eleitor são péssimas, se desmerecem o exercício da vida pública, se enodoam a política, deverá o eleitor engolir a seco e escolher, forçosa e forçadamente, alguns dos péssimos candidatos que lhe pedem o voto?
Não terá o eleitor a faculdade de exercer o seu direito de uma manifestação negativo, seja votando em branco, seja anulando seu voto?
Não será esta opção – a de não escolher nenhum candidato – absolutamente válida e compatível com o direito de escolha que o processo democrático proporciona?
Se temos o direito até de não escolher na feira o quiabo do qual não gostamos, por que deveremos ser obrigado a optar por um candidato que faz parte de um rol que não deveria ser admitido pela vida pública?
Votar é bom. Votemos, pois.
Todos às urnas.
Escolhamos um candidato – a prefeito ou a vereador.
Mas se um eleitor não gosta de nenhuma das opções, por que não exercer o direito de recusar todo mundo, de não escolher ninguém?Quem acredita ainda nesta balela de que o voto em branco ou o voto nulo não é legítimo?

12 comentários:

Anônimo disse...

Post, respeitar a opinião é sinônimo de democracia também, então me permita disordar um pouco da tese em tela.
Votar é além de um ato democrático é também uma ação estratégica que o eleitor executa para manifestar a sua vontade ou para minimizar as mazelas que porventura aquela ou aquele candidato (que certamente não seria o seu) vier a realizar.
Então, pondero com uma frase básica na política: ou você ajuda a fazer a política possível, senão a ideal, ou você sofrerá a política imposta pelos outros (outras).
Assim, prefiro ajudar a construir uma política possível e não me esconder em votar branco ou nulo.

Oswaldo Chaves
Administrador e Analista Judiciário

Anônimo disse...

PB...Na democracia* em que vivemos o eleitor pode votar da forma que oPTar, da maneira que quiser, mais eu acredito que escolhendo um dos mais de não sei quantos candidatos a vereador e um a Prefeito estaremos participando ativamente do pleito. Pra não votar em nenhum é melhor passar longe da urna no dia 05/26. Participando pela primeira vez deste blog, saudações do Mediador de Emoção... Em tempo : * Democracia é a ditadura da maioria...

Anônimo disse...

A sua apreciação é perfeita.
A escolha, seja ela qualquer uma inclusive branco ou nulo, é a manifestação da vontade do eleitor e ponto final.
A propósito, para não fazer juizo sem conhecer, acompanhamos por alguns dias as inserções do chamado horário político no rádio e tv. Uma lástima!
Primeiro, a "avalanche" de candidatos a vereador.Quantidade sem nenhuma qualidade (as excessões, se existem, não as vimos). Essa quantidade já é uma agressão ao cidadão.
Segundo, os nomes (ou seriam alcunhas? sei lá...)alguns indo do cômico ao excêntrico (como acreditar nisso?), e os discursos manjados e repetitivos (peço o seu voto; me dê uma chance...e por aí vai a mediocridade).
O que nos resta?
Votar em partido?
Partidos, há muito já não existem; restam grupos de interesses pessoais e siglas de aluguel.
E ainda tem aqueles "militantes" com o poeirento e rançoso discurso da imaculada esquerda milagrosa tentando se aproveitar dos mais humildes para galgar o acesso a boquinha.
Resta a nós, o distinto eleitor não se deixar influenciar por esses demagógicos e milagreiros.
Votemos no Sr. Branco ou no Sr. Nulo.
Certamente estaremos praticando uma democracia bem mais decente do a desses aproveitadores.

Anônimo disse...

É claro. Ninguém me obriga a votar em Duciomar ou Valéria. Tão parecidos os dois.

Anônimo disse...

Esse é um dos artigos de maior lucidez que já li nesses últimos tempos. Parabéns!

Poster disse...

Caro Oswaldo,
Nem precisa pedir licença para discordar. Discorde à vontede (rsssss).
Entendo que votar em branco ou votar nulo não é se esconder, não. Também significa manifestar claramente uma vontade Tão claramente como é o branco.
Vou postar sua discordância na ribalta, daqui a pouco.
Abs.

Poster disse...

Anônimo das 08:18,
É evidente que voto foi feito para se escolher um candidato. O ideal é isso. Devemos nos esforçar para isso. O ideal é que escolhamos um candidatos, depois das ponderações que fizermos.
Mas se a opção é escolher entre 600 pessoas que desservem - todas elas - a vida pública, quais as opções? Branco ou nulo. E essa opção deve ser feita sem culpas.
Repito: vamos votar, escolhamos um candidato. Se não der..
Abs.

Poster disse...

Anônimo das 09:38,
Seu tom é de revolta, mas você tem razão.
A democracia muitas vezes expõe o que de melhor existe na vida pública.
Mas também exibe o que há de pior.
Abs.

Poster disse...

Grande Murilo,
Você é que manda!
É preciso defendermos os "brancos" e os "nulos" (rssssss).
Ainda que devamos, todos, estimular que todos votem num candidato.
Porque é óbvio que a democracia se faz com pessoas, e não com votos em branco e votos anulados.
Mas que eles são legítimos, isso são.
Abs.

Anônimo disse...

Sair de casa pra votar em branco, não concordo. Primeiro porque vou sair de casa pra participar da tal "democracia" (menos mal que não seja "ditadura"). Segundo que, após as eleições, que cara poderia ter pra cobrar de qualquer prefeito ou prefeita eleitos?
Minha opinião: votar sim em um candidato/candidata. Escolher. Alguém falou, entretanto, que a democracia acontece simplesmente pela existência de qualquer maioria, mas sim entre aqueles que se organizam. Se nos organizarmos teremos representatividade pra resolvermos as demandas sociais.

Anônimo disse...

Concordo com o blogueiro! Não se há que falar em democracia quando os candidatos já vêm escolhidos dentro dos conchavos dos partidos políticos. A primeira vez que votei, foi no Fernando Collor. Batismo de fogo, heim! Pois é, então comecei a compreender que quem vota não escolhe; homologa a escolha dos cartolas políticos. É isso. Não há escolha no voto. É algo do tipo cruz ou caldeirinha. De minhas experiências subtraí a seguinte leitura: Os partidos políticos (que não são a vontade do povo) escolhem os candidatos em quem o povo terá que votar. Perceberam o verbo? Como pode ser democracia, se é uma imposição dos partidos políticos, que nada têm a ver com o povo, porque não dão a mínima para a vontade do povo? Então, decidi tomar a posição que venho tomando até agora: Só voto em branco! Não é por covardia, não é por fuga e não é por irresponsabilidade. Voto em branco enquanto articulo, sozinha, ou tentando persuadir aos que estão por perto, a idéia de que é preciso rever o sistema. Sei que como andorinha solitária não farei verão, no sentido de melhorar o mundo, mas esta é uma ação positiva. Também sei que, votando na canalhada, promovo um efeito em cadeia, porque homologo a safadeza dos cartolas e ainda promovo uma ação negativa, porque estimulo a continuidade do círculo vicioso. Mude-se a política porca deste país, depois mudarei eu. Todos os que votarão em outubro pensem: Estou votando no candidato que alguém escolhei, em meio aos mais nefastos acordos, para eu votar. Votar, no coloquial, é isso. O resto é romantismo.

Poster disse...

Anônimo das 09:50,
Seu comentário foi recusado.
Não há por que ofender gratuitamente os debatedores aqui.
Abs.