domingo, 24 de fevereiro de 2008

Noivados, ciúmes, traições e maldades


O Diário do Pará, em sua manchete da edição deste domingo, “entrega” o nome do homem que revelou ao Ministério Público Federal todo o esquema de desvio de R$ 1,4 milhão em veículos comprados no final de 2005 com verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) para a frota da Guarda Municipal (GBel).
O nome dele – que é merecedor de um prêmio por ter revelado ao MPF todas as irregularidades que são discutidas no âmbito de processo criminal no qual figura como réu o prefeito Duciomar Costa – é William Lola.
O dito cujo, ex-secretário municipal de Saúde, botou a viola de fatos embaixo do braço e, segundo o jornal, foi à sede da Procuradoria da República no Pará e contou tudo tintim por tintim ao procurador Ubiratan Cazetta, entre o Natal e o Ano Novo de 2006. Depois disso, ao que se informa, sumiu do mapa. Mas o pouco que fez já foi suficiente para que se saiba do muito que ainda deve ser apurado.
“Mantive a conversa sob silêncio até agora porque não posso usá-la processualmente, mas não vou me omitir em confirmar a informação”, confirmou o procurador, segundo declarações reproduzidas pelo jornal.
O prefeito, lembra a matéria, negou durante o interrogatório a que foi submetido em Brasília, pelo desembargador federal Cândido Ribeiro (veja, aí em cima, Duciomar nos corredores do TRF), qualquer responsabilidade no uso indevido de dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde). Na ocasião, apontou como culpado seu secretário de Saúde à época, justamente o sobredito William Lola, que seria o ordenador de despesas.
O prefeito explicou ao desembargador que a Prefeitura de Belém promoveu em 2005 duas licitações quase simultâneas de compras de veículos para a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e para a GBel e, na hora da aplicação das logomarcas, teria havido o “equívoco”: os carros da Sesma foram plotados como se fossem da Guarda, e vice-versa.
A prefeitura insiste em que o prefeito está “absolutamente tranqüilo” em relação às acusações, já que uma auditoria do Ministério da Saúde, em setembro de 2007, teria constatado que os veículos adquiridos com verbas do SUS foram, efetivamente, utilizados no trabalho de vigilância sanitária e não tiveram sua finalidade desviada, conforme sustenta o MPF.
Ubiratan Cazetta ironiza: “Esperamos que se trate apenas de incompetência dos auditores, mal capacitados ou não qualificados para a tarefa. Mas não descartamos a hipótese de má-fé”, disse o procurador, tão convicto quanto agora de que os adesivos com as logomarcas foram extraídos dos veículos reintegrados à frota da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) para ludibriar a Polícia Federal e o MPF.

Saco da malinezas
A matéria tem cheiro e jeito de acerto de contas político. E é mesmo um acerto de contas, informa O Estado do Tapajós. O deputado federal Jader Barbalho, presidente do PMDB no Pará, estaria abrindo apenas uma parte de seu saco de malinezas para sinalizar a Duciomar Costa toda a sua insatisfação com as negociações que anda fazendo com adversários dele, Jader, sobretudo o ex-governador Simão Jatene (PSDB).
O mais curioso nisso tudo é que a maldade, nas circunstâncias, trai um certo ciúme de quem, como Jader, acha que perde alguma coisa se não tiver Duciomar ao seu lado, no mesmo palanque. O Espaço Aberto mencionou, na última sexta-feira, que o prefeito ainda é alvo de sedução continuada por parte de lideranças políticas que, apesar de mil pesares, não param de cortejá-lo, muito embora o gestor figure como réu em processos aqui em Belém e Brasília e, além disso, ande acompanhado de gente como Paulo Castelo Branco, condenado em primeira instância.
Duciomar é a noiva que muita gente quer para consórcios políticos e casamentos eleitorais. Resta saber se na hora, bem na hora do “sim”, alguém vai fazer o que quase ninguém tem coragem de fazer na hora agá dos casórios: levantar o dedo lá de trás e dizer que se opõe ao casamento porque sabe, sobre a noiva, coisas que a ética não tolera e que o noivo, seja quem for, não gostaria de sabe.A questão dos casamentos políticos, todavia, é uma apenas, em essência: saber, entre noivos e noivos, quem são os menos piores.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tirem as crianças da sala.
Esse "enredo" de ciúmes, traições, promessas conchavos e compras tem cenas de "alcova" que não podem ser vistas por menores nem por gente decente.

Anônimo disse...

Sim, Anônimo, não há classificação para esse filme (rsss)
Abs.